Os primeiros anos foram sofridos. Senti na pele o que é solidão. E o pior de tudo, aquela solidão acompanhada. Sensação de que você está perto de muitas pessoas mas se vê distante. Como se todos contracenassem no palco de sua vida e você se transformasse em platéia. A visita de meus pais era sempre acompanhada de um alívio e uma ansiedade pelo medo de retornar ao sofrimento.
Com o tempo você se acostuma, você cria novos vínculos e acaba remediando aqueles quebrados. Você começa a achar que o quarto onde você vive já é seu. Mas ainda assim, quanto retorna ao berço paterno você se sente em casa. Até o dia em que você volta pra casa e não a vê como um lar. Desesperada pela perda de identidade você retorna para a nova cidade e ainda assim não consegue se sentir "em casa". E essa é uma das piores sensações que já senti: Ser uma sem-lar mas com-teto. Uma estranha na minha vida.
O crescimento acompanhado de novas conquistas, exigências e responsabilidades faz com que seus pais te vejam como uma adulta. Deixam de perguntar pra onde você vai sair, deixam de te ligar e ainda quando atendem ao telefone te tratam como um colega de trabalho, ou resolvem problemas, mas nunca mais perguntam aquela típica indagação materna: "E aí, como foi na escola hoje?". Da sua febre você já cuida, acorda à noite com dor e tem que sair da cama pra buscar o remédio. É você que resolve seus problemas. Colo de mãe? O que é isso?
Acho que esse era o sentimento que eu precisava expurgar no dia de hoje. A sensação de ser uma visita no meu suposto lar. Como é ser uma orfã negligenciada por pais vivos que te bancam mas não te criam.
só eu que chorei lendo esse texto? espero que não.
ResponderExcluirDesesperada pela perda de identidade você retorna para a nova cidade e ainda assim não consegue se sentir "em casa". E essa é uma das piores sensações que já senti: Ser uma sem-lar mas com-teto. Uma estranha na minha vida.
ResponderExcluirDescreveu meu ano de 2010